Foto: https://jidduksonline.com.br/arturgomes-entrevista-ziulserip
ZIUL SERIP
(BRASIL – RIO GRANDE DO SUL)
Ziul Serip é natural de Porto Alegre. Reside em Tramandaí, RS. Vencedor do 1º. Prêmio Mauá de Literatura – Poesia/Porto Alegre – 1988, com “quadrantal”, seu primeiro livro, publicado pela Editora Cidade de Porto Alegre.
Em 2012, 2013 e 2014 participou das Antologias Poesia do Brasil dos XX, XXI e XXII – Congresso Brasileiro de Poesia, realizado em Bento Gonçalves/RS. Também participou em 2015, da Antologia “29 de abril – O verso da violência”, pela Patuá. Possui poemas publicados em diversos sites, blogs e revistas literárias, como Zunái, Caqui, Letras Vermelhas, Kazuá, Germina, Mallarmargens e outras. Publicou em 2017, pela Editora Córrego, Selo Leonella, a plaquete “um fio de sol medita”.
Em 2021, publicou pela Editora Lobo Azul, Nakba – Flor da Ressurreição [êxodo e qitã gazzah], poemas dedicados a Palestina. Em 2020, participou da coletânea 80 Balas, 80 Poemas (ver-são digital) de 80 autores, publicada pela Zunái. Em 2022 lançou, pela Editora Lobo Azul, os livros de poemas “allegoria” e “cidade exílio”.
DANIEL, Claudio. NOVAS VOZES DA POESIA
BRASILEIRA. Uma antologia crítica. Capa: Thiti
Johnson. Cajazeiras: Arribação, 258 p.
ISBN 978-85-6036-3333365-6
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda
LABIRINTO
é aqui
o provisório abismo
— este rosário de calêndulas?
pálido pêndulo de asas
horizonte de estrelas donzelas
: calendários
é aqui
o solitário pórfiro
— este imaginário de istmos?:
dilúvio desvio de lírios
rios de urânios píncaros
imagismos
é aqui
o purgatório cósmico
— este estrelário de brilhos?
luxúria lunária de chumbo
solvente de escamas agônicas
: estribilhos
FOGO-URUCUM
[palavras-películas em imagens cabonizantes]
fogo-urucum
terra—
—terror
floresta
subjugada
em degredo
queimadas:
—genocidas—
—devoradores
—antinômicos—
—agros-monstros.
ceifadores da morte
através do fogo-urucum
expõem
vísceras de insulas.
agros—
—grileiros—
—garimpeiros
idólatras
de moedas
deuses—
—mercado
de métodos
manuais—
—mecânicos—
—predatórios—
—pneumáticos.
abatem madeira
furtam (c)ouro
propagam soja
plantam pasto
educam gado
rompem
territórios
com imensas
línguas de fogo.
em vivicombúrio
ex-ter-mi-nam
originários
jardins em meta
morfoses de
helicônias
agônicas
flor
esta
em terminal
inflorescência.
lepidópteros
abatidos em céus
mercúrio—
—mármore
helicópteros
aturdindo
a geografia de
rios—
meandros.
terror no interior
da flor
(da selva abrasada)
de árvores animais
(desarvorados)
dentro do
tempo-
cicatriz
das atro(zes)
cidades.
SAMURAI NO MUSUKO
(Filho de Samurai)
(a morte anunciada do filho do samurai de Kumamoto)
tempo mais curto —
fumaça branca balança
sob o céu nu e frio.
canções não são mais cantadas
na ilha-cólera Taiwan.
outono é um tempo que jamais termina.
vivê-lo, em algum lugar, onde estrela cadente
significa iluminação, mudança, renascimento e sorte:
“
...
senta-se de nádega
tão firmemente no chão
a grande cabeça
“
...
Shühei Uetsuka (Hyökotsu – (1876-1935)
o que pensar da morte, Hyökotsu?1
1Hyökotsu: “haimei” (nome literário do poeta de haiku) de Shühei Uet.
que há mais passado e menos porvir?
que devemos estar prontos para a partida?
em meu funeral
eu era apenas fantasma —
morte anunciada,
como uma estrela cadente,
alma a caminho do céu.
deixar a terra natal para sempre
e levar, na memória, o Fuji:
viagem sem rumo?
no convés, homens sentados,
curvos sob o sol,
jogamos cravos no mar,
agora, para todo o sempre.
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suka (1876-1935). Significa “cabeça” em japonês; (nome literário
de poeta de haiku) de Shühei Uetsuka (1876-1935).
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Página publicada em setembro de 2024
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